Anemias - Artigos Projeto de Extensão @nossosalimentos_uenf



Anemias


Sâmela Oliveira Barbora, Carolina de Mello Schelck, 
Karla Silva Ferreira e Luiz Fernando Miranda da Silva


As hemácias ou glóbulos vermelhos são células especializadas em transportar oxigênio e gás carbônico no sangue. Elas possuem um complexo de proteína (hemoglobina) e ferro que é responsável pelo transporte destes gases no sangue. O oxigênio presente no ar que respiramos liga-se ao átomo de ferro da hemoglobina, no pulmão, e é transportado para o resto do corpo. No retorno para o pulmão, as hemácias trazem parte do gás carbônico (CO2).  Quando as hemácias são destruídas no corpo em velocidade maior do que sua produção, isto é, quando estão em baixa quantidade no sangue,  em tamanho e forma anormal ou, ainda, possuem baixa quantidade de hemoglobina, o transporte de oxigênio fica comprometido. Estas condições são denominadas anemia. Existem diversos tipos de anemias:

1- Anemia ferropriva (deficiência de ferro);

2- Anemia megaloblástica (deficiência das vitaminas ácido fólico e, ou B12);

3- Anemia por desnutrição (ingestão insuficiente de proteína e outros nutrientes energéticos);

4- Anemia por deficiência de cobre;

5- Anemia sideroblástica (defeito na síntese do grupamento heme que forma a      hemoglobina    ou   no    metabolismo do ferro. Em alguns casos, pode ser tratada com vitamina B6);

6- Anemia hemolítica (destruição das hemácias em velocidade maior do que sua formação. Pode ser tratada com vitamina E);

7- Anemia por distúrbio de metabolismo de ferro (inflamação crônica);

8- Anemia do esporte (provisória e  se dá pela destruição das hemácias por compressão nos capilares sanguíneos causada pelo impacto mecânico do exercício);

9-
Anemia hereditária (sideroblástica ou problema na síntese de hemoglobina: talassemia e anemia falciforme);

10- Anemia por perda de sangue (menstruação, verminose, úlceras, doenças intestinais e outras causas de perda de sangue ou hemorragias);

11-
Anemia aplástica (falha da medula óssea em produzir hemácias);

12- Anemia da insuficiência renal (baixa produção de eritropoitina – hormônio que aumenta a produção de hemácias);

13- Anemia do hipotireoidismo (baixa produção de hemácia).

O oxigênio é essencial para a produção de energia. Por este motivo, as pessoas com anemia se cansam facilmente e ficam sonolentas, o que diminui a capacidade de trabalho e as fazem parecer preguiçosas. Outros sintomas gerais das anemias são: dores nas pernas, imunidade baixa, mucosa interna   das   pálpebras inferiores  com coloração      rosa-clara      ao      invés     de vermelha, palidez da pele e palma das mãos, queda de cabelo, irritabilidade, taquicardia, dor de cabeça, unhas finas, achatadas e/ou com depressões em concha. Se não tratada, a anemia provoca defeitos nos tecidos do corpo, gastrite e insuficiência cardíaca. Na Figura 1, observa-se o formato e tamanho das hemácias em diferentes tipos de anemia.


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Dentre as anemias, a ferropriva é a mais comum, acometendo até 10% da população mundial.  Em crianças, a deficiência de ferro pode comprometer a capacidade mental de forma irreversível. Isso mesmo! A criança pode    se     tornar um    adulto     com QI (Coeficiente de Inteligência) abaixo do normal!

O cálcio é um dos maiores inibidores da absorção de ferro. Por este motivo, não é aconselhável no tratamento da anemia a ingestão de leite, queijo, requeijão e suplementos contendo cálcio nas refeições ricas em ferro. Estes alimentos devem ser ingeridos no café da manhã e lanche, reservando o almoço e jantar para os alimentos fontes      de        ferro      e     os    suplementos contendo ferro.
Na Tabela 1 são apresentados os teores de ferro em alguns tipos de carnes, produtos industrializados e alimentos de origem vegetal e na Tabela 2 alimentos ricos em vitamina C.

A deficiência de ferro pode ser causada por baixa ingestão pelos alimentos, baixa absorção no corpo e/ ou elevada excreção. A primeira etapa para o tratamento da anemia causada por deficiência de ferro é identificar o motivo desta deficiência: se é por alimentação pobre em ferro, verminose ou perda de sangue. Após corrigir a causa base, a segunda etapa fundamental é a alimentação e a suplementação.

A alimentação deve conter boas fontes de ferro e de outros nutrientes relacionados com o metabolismo do ferro e formação das células do sangue. Muitas vitaminas, minerais e algumas proteínas participam da absorção, transporte e utilização do ferro pelo organismo, por exemplo, a vitamina C, o cobre e as proteínas. Por isso, a alimentação deve conter todos os grupos de alimentos, tais como pães, carnes, hortaliças, vegetais e frutas. Ela pode ser uma alimentação simples, mas deve fornecer todos os nutrientes necessários para o correto funcionamento do corpo e formação do sangue, ou seja, deve incluir carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais.

O ferro está presente tanto em alimentos de origem vegetal quanto animal. Entretanto, o ferro encontrado nas carnes é melhor absorvido. Portanto, as melhores fontes de ferro, em termos de alimento, são as carnes. Quanto mais vermelha a carne, maior o teor de ferro. Por este motivo, quando a carne é usada no tratamento da anemia, a ingestão de carnes vermelhas é melhor do que a ingestão de carnes brancas, sendo o fígado realmente a carne com teor mais elevado de ferro.

Nos vegetais, a quantidade de ferro presente  é bem variável. Pode ser elevado em algumas sementes e farinhas, mas é sempre baixo nas frutas e hortaliças. De qualquer forma, a absorção do ferro presente nos vegetais é muito limitada. Para garantir melhor absorção do ferro de origem vegetal, ele deve ser ingerido junto com vitamina C. Os sucos, frutas e algumas hortaliças cruas são as melhores fontes de vitamina C. É importante ter em mente também que a vitamina C pode ser até totalmente destruída com o calor. Dessa forma, alimentos cozidos, fritos, assados e refogados podem não ter vitamina C ou ter quantidades bem reduzidas em relação ao alimento cru.

Um dos maiores mitos sobre alimentos para curar anemia é a ingestão de beterraba, couve, espinafre e brócolis.

Estes alimentos não são fontes de ferro por vários motivos.  Além de não terem quantidades elevadas de ferro (0,4 a 0,6 mg/100 g), este é de baixa biodisponibilidade e, no caso das folhosas, o tamanho da porção usualmente consumida é pequena, em torno de 30 gramas.


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Segundo a Anvisa, os alimentos  — para serem denominados fonte de ferro e vitamina C  — devem possuir teor destes nutrientes equivalente a, pelo menos, 15% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) dos mesmos. Para serem classificados como contendo alto teor, devem possuir pelo menos o equivalente a 30% da IDR em 100 gramas do alimento ou na porção. Exemplo: tendo em vista que   a  IDR   de

vitamina C é 45 mg, para um alimento ser considerado fonte de vitamina C deve possuir pelo menos 6,75 mg (15%) de vitamina C em 100g do alimento. E para ser considerado de alto conteúdo deve possuir no mínimo 13,5 mg (30%) em 100g do alimento. A Ingestão Recomendada de ferro varia de acordo com a idade e o estado fisiológico, conforme mostrado na Tabela 3.

Por fim, para prevenir ou curar anemia ferropriva deve-se atentar para os fatores que causem perda de ferro pelo organismo (verminoses, hemorragias), fatores que limitam a absorção do ferro (excesso de cálcio nas refeições ricas em ferro) e ingerir alimentos fontes de vitamina C (frutas e hortaliças cruas) nas refeições contendo as fontes de ferro. 

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Referências Bibliográficas:


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ANEMIA PERNICIOSA. Disponível em: http://www.fisioterapiaparatodos.com/p/problemas-de-circulacao/anemia-perniciosa/. Data de acesso: 29/12/2016.

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BRASIL. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução RDC Nº 54, de 12 de novembro de 2012. Informação nutricional complementar. Diário Oficial da União. Brasília, 13 de novembro de 2012.
Goldman L, Schafer AI.

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NEPA - UNICAMP. TACO - Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. 4ªEdição. Campinas, São Paulo, 2011.

SHILS, M.E. et al. Nutrição Moderna na Saúde e na Doença.  10a  edição. Manole, São Paulo, 2002. 2222p.

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