Dietas com teor moderado de carboidratos promovem maior expectativa de vida - Artigos Projeto de Extensão @nossosalimentos_uenf
Os nutrientes que fornecem energia são os
carboidratos, as proteínas e as gorduras. Em uma dieta balanceada, a porcentagem
de energia proveniente de carboidrato deve ser em torno de 60%. Por exemplo,
uma dieta com 2000 Kcal deve conter 300 gramas de carboidratos. Nas
dietas low carb, uma parte do
carboidrato é substituída por gordura e proteínas, podendo predominar produtos de
origem animal (carnes, ovos, leite e seus derivados) ou vegetal (óleos,
azeites, grãos e cereais integrais). Na Figura 1 são mostrados alimentos usados em dietas low carb.
1) Os indivíduos que alcançaram maior
expectativa de vida foram os que consumiam dietas moderadas em carboidratos.
Nestas dietas, cerca de 50% a 55% da energia total era proveniente de carboidratos. Os pesquisadores consideraram a diferença nos teores de compostos bioativos (tais como aminoácidos de cadeia ramificada, ácidos graxos, fibras, fitoquímicos, vitaminas e outros minerais) como o fator responsável pelo menor risco de mortalidade nas dietas com teores moderados de carboidratos versus dietas com baixo teor de carboidrato.
2) Em segundo lugar, ficaram as dietas ricas em carboidratos, nas quais mais de 70% do valor energético era proveniente de carboidratos.
A
redução da expectativa de vida foi de 1 ano em relação ao grupo de indivíduos
que consumiam dieta com quantidade moderada de carboidratos. A ocorrência de
hipertensão entre os indivíduos que seguiram esta dieta e a dieta com
quantidade moderada de carboidrato foi similar. O inconveniente destas dietas é
que elas tendem a ser compostas por alimentos ricos em carboidratos refinados,
como arroz branco, açúcares, massas e pães feitos com cereais não integrais e
outros alimentos de baixa qualidade nutricional e que podem conferir um nível
glicêmico cronicamente elevado.
3) Em terceiro lugar, ficaram as dietas com
baixo teor de carboidrato nas quais os carboidratos foram substituídos por
gordura e proteínas de origem vegetal.
Nestas
dietas os indivíduos consumiam maior quantidade de legumes e menor de frutas,
conferindo, assim, maior teor de gorduras Poliinsaturados e menor de gorduras
saturadas e vitamina C. Esta substituição foi correlacionada com menor risco de
morte por doenças cardiovasculares do que quando os carboidratos foram
substituídos por gorduras e proteínas de origem animal.
4) Em
quarto lugar, ficou o grupo de indivíduos com menor consumo de carboidratos e
substituição dos carboidratos por gorduras e proteínas de origem animal.
Neste
grupo houve maior incidência de morte por doenças cardiovasculares. Os
pesquisadores consideraram o efeito estimulante das vias inflamatórias,
envelhecimento precoce e estresse oxidativo deste tipo de dieta na redução da
expectativa de vida neste grupo de indivíduos. Uma das causas pode ser o
baixo consumo de frutas e hortaliças, alimentos que comprovadamente possuem
substâncias bioativas benéficas para a saúde.
É importante ressaltar que, associado à fonte dos nutrientes, a forma de
preparo do alimento também pode modificar seu efeito para a saúde. As proteínas
são essenciais para a vida e são compostas por, basicamente, vinte aminoácidos,
dos quais aproximadamente dez devem ser fornecidos pela alimentação.
Entretanto, os aminoácidos podem sofrer transformações devido a altas
temperaturas, o que é sabido desde o século passado. Reforçando este
conhecimento, uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo apontou a
formação de substâncias tóxicas (aminas heterocíclicas) em proteínas de origem
animal submetidas a altas temperaturas. Esta é uma condição comum no preparo
dos churrascos, que são tradicionalmente preparados com carnes, principalmente
bovinas. O preparo de vegetais na forma de churrasco ainda é pouco comum, mas
se for tostado, conforme ocorre com as carnes, podem também gerar substâncias
tóxicas. Sendo assim, é importante atentar para
a forma de preparar o
alimento e não consumir partes queimadas ou tostadas.
Os
resultados desta pesquisa mostraram que tanto dietas com altos teores de
carboidratos quanto as dietas low carb acarretam menor expectativa de
vida em relação a dietas com quantidades moderadas de carboidratos, conforme
mostrado no gráfico em “U” na Figura 2. Entretanto, caso haja necessidade de se
restringir o consumo de carboidrato, o aconselhável é substituí-los por
proteínas e gorduras de origem vegetal, que a longo prazo são mais apropriadas
para promover envelhecimento saudável. Já as dietas low carb, ricas em gorduras e proteínas de origem animal,
devem ser desencorajadas.
Referências Bibliográficas:
BRASIL. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003 – Estabelece o Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 de dezembro de 2003.
CARVALHO, A. Consumo de carnes e aminas heterocíclicas como fatores de risco
para câncer. 2016. Tese (Doutorado em Nutrição em Saúde Pública) -
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Doi:10.116
/ T.6.2017.tde-04012017-104250. Acesso em:23/08/18.
SEIDELMANN, S. et al. Dietery
carbohydrate intake and mortality: a prospective cohort study and meta-analysis. The Lancet Public
Health. (2018) 1-10.
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