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Fontes alimentares de selênio

Karla Silva Ferreira




O selênio é um elemento que participa de enzimas antioxidantes. A médio e a longo prazo, a baixa ingestão de selênio, que resulta em níveis baixos de selênio no sangue, causa flacidez nos músculos, aumento da fragilidade das células vermelhas sanguíneas, degeneração pancreática, doenças cardíacas, problemas de estrutura das articulações e dos ossos e alterações na atividade da tireoide.



A doença de Keshan, uma miocardiopatia que afeta mulheres e crianças, e a doença de Kashin Beck, artrose que afeta adolescentes e pré-adolescentes, são prevalentes em certas regiões da China onde os solos são pobres neste elemento. O selênio possui ainda um efeito antídoto com relação aos metais pesados como o mercúrio, o chumbo, o arsênico e o cádmio.


Pesquisas em curso colocam em evidência as propriedades anti-inflamatórias e imunoestimulantes do selênio e seu efeito preventivo contra o câncer de próstata. Um caso comum de lesão do tecido, relatada em sistema cardiovascular, é a isquemia-reperfusão. Esta lesão está associada à ocorrência de hemorragia, arritmias, angina, enfarte do miocárdio e baixa atividade de antioxidantes sequestradores de H2O2. Lembrando que as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em seres humanos em todo o mundo.


A ingestão diária de selênio varia de um país para outro: 200 µg (=0,2 mg) para os canadenses e somente 30 µg para os Finlandeses. Na França, o consumo médio/dia é de 46 µg. O Conselho Nacional Americano de Pesquisas preconiza 1µg por quilo de peso corporal ao dia. O Ministério da Saúde, com base nas diretrizes da Organização Mundial de Saúde, recomenda para adultos a ingestão de 34 µg/dia.

 


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É consenso que os teores de selênio nos alimentos, no caso de alimentos de origem vegetal, dependem das características do solo. Já nos alimentos de origem animal, dependem de sua utilização em rações e seus teores nas pastagens. Sendo assim, as melhores fontes de selênio em uma região podem ser de origem vegetal, em outras, de origem animal, e, em outras, dependendo dos tipos e quantidades dos alimentos consumidos, a dieta pode ser pobre em selênio.



Processos de irrigação e inundação aceleraram a liberação de selênio para o solo, o que ocorre no ecossistema da Amazônia e explica os elevados teores deste nutriente encontrados na castanha do Pará. Por outro lado, a queima de combustível fóssil, chuva ácida, acidificação do solo e uso de fertilizantes sulfurados acarretam a diminuição no teor de selênio nos vegetais.

Uma pesquisa realizada em Campos dos Goytacazes entre 2008 e 2009 teve o objetivo de determinar os teores de selênio no sangue dos doadores de sangue do Hemocentro Regional de Campos dos Goytacazes e identificar as principais fontes alimentares de selênio da Região. Foi observado que, apesar de constituírem um grupo saudável, 74% por cento dos doadores estavam com teor de selênio no sangue abaixo de 70 ng mL-1, o menor nível para atuação máxima das selenoproteínas, de acordo com o Nutritional Prevention of Cancer Study Group.



As principais fontes alimentares de selênio utilizadas pelos doadores de sangue de Campos dos Goytacazes eram:


1- Os produtos de origem animal (peixes, carnes de boi, frango, queijos, leite desnatado e ovos), que possuem teores de selênio entre 2,0 a 54,3 µg/100 gramas);


2- Dos alimentos de origem vegetal, destacam-se as castanhas-do-pará (38 a 49 µg/100 gramas) e a castanha-de-caju (7,0 a 15,0 µg/100 gramas);


3- Pães e biscoitos (1,7 a 8,8 µg/100 gramas);


4- As frutas e hortaliças são pobres em selênio (0,0 a menos que 1,0 µg/100 gramas).


Quase a metade dos alimentos analisados, isto é, 47% deles continham baixos teores de selênio, entre 0,0 e 10,0 µg/100g.



Nos quadros a seguir são apresentados os teores médios de selênio e as faixas de variação detectadas nos alimentos consumidos pelos doadores de sangue do Hemocentro Regional de Campos dos Goytacazes, RJ. Atentamos para o fato de que estes alimentos foram adquiridos em supermercados e hortifrútis da Região Norte e Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, que, por sua vez, compram os produtos alimentícios de grandes empresas distribuidoras de alimentos do Brasil. Portanto, muitos alimentos analisados neste trabalho têm as mesmas procedências que os consumidos em outras localidades da região sudeste e até de outras regiões do Brasil.


 




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Referências Bibliográficas:


BRASIL. ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada – Resolução-RDC Nº 269, de 22 de setembro de 2005. Regulamento Técnico Sobre Ingestão Diária Recomendada (IDR) para proteína, vitaminas e minerais. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 de setembro de 2005.

FERREIRA, K.  S.; et al.  Concentrações de selênio em alimentos consumidos no Brasil ( 2002). Rev. Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 11(3), 172-177p.

LEVANDER, O. A., BURK, R. F. Selênio. In: ORGANIZACÓN MUNDIAL DE LA SALUD/ORGANIZACÓN PANAMERICANA DE LA SALUD. Conocimientos actuales sobre nutrición. 7.ed. Washington, D.C.: ILSI Press,  1997. Cap.31, p.342-351  (Publicación Científica, 565).

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QUEIROZ, V. A.V.; FERREIRA, K. S.; MONNERAT, P. H.; QUEIROZ, L. R.; DOLINSKI, C. (2006) Na, K, Ca, Mg, Fe, Zn, Cu and Se contents in Fruits Consumed in Brazil. Nutrire, v. 30, n°6. 61-73p.

RAYMAN, M. P.  (2000) The importance of selenium to human health. Lancet 356:233-41.

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