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Minerais e exercício físico: há necessidade de suplementação?

Luiz Fernando Miranda da Silva e Karla Silva Ferreira

Os principais minerais que vêm sendo utilizados em suplementação para praticantes de atividade física são cálcio, ferro, cromo e selênio. Entretanto, muitas pesquisas não comprovaram a necessidade de suplementação com estes minerais, conforme é descrito abaixo.

Uma boa alimentação, composta por todos os grupos de alimentos, é capaz de suprir o organismo com as quantidades necessárias destes nutrientes.

Há muitos anos, atribuía-se à suplementação de cálcio melhoras dos estoques deste mineral nos ossos, uma vez que a maioria dos indivíduos não ingeriam quantidade necessária deste elemento. Em 2008, porém, foi publicado um estudo associando a ingestão desses suplementos a problemas cardiovasculares, como arritmia, infarto, acidente vascular cerebral, trombose e infarto agudo do miocárdio.  

O cromo e o vanádio são minerais que potencializam o efeito da insulina no corpo, permitindo melhor controle da glicose no sangue e prevenção de diabetes. Com base nisto, muitas

Cientistas de diferentes países contestaram o trabalho, apontando erros cometidos nos estudos que inviabilizariam      a        veracidade       da conclusão. Os principais erros apontados foram: a maioria dos voluntários desistiu de participar da pesquisa no decorrer do experimento; todos os participantes eram idosos, portanto, um grupo com maior probabilidade de possuir problemas cardíacos e que também inviabilizaria a extrapolação dos achados para outras faixas etárias; e, além disso, não se sabia a ingestão total de cálcio, haja vista que o cálcio ingerido por meio dos alimentos não foi contabilizado, pois não se tinha informação do consumo alimentar destes indivíduos. Portanto, não se poderia afirmar que a suplementação de cálcio causasse problemas cardiovasculares.

O ferro é essencial para a produção de hemácias, que são as células que transportam oxigênio para o corpo. A suplementação de ferro em casos de ausência de anemia não se justifica. Esta prática, sobretudo, pode elevar muito a quantidade de ferro no sangue, aumentando o estresse oxidativo, a produção de radicais livres pela reação de Fenton. Determinar o nível sério de ferro e a ferritina (reserva de ferro corporal) é importante para dosar o teor no corpo.

empresas acreditam que a ingestão de suplementos à base destes elementos poderia melhorar o desempenho físico durante o exercício. Todavia, os estudos ainda não comprovaram este efeito por meio da suplementação. Além disso, as doses de vanádio utilizadas nos estudos (30 a 300 mg) causam diversos efeitos colaterais, como diarreia, náuseas e dores de cabeça.

O selênio é importante para a formação dos hormônios da tireoide e para a ação de enzimas que formam um importante sistema antioxidante do organismo, as glutationas peroxidases. Quantidade adequada deste mineral na alimentação é essencial para a saúde, principalmente para os atletas, que produzem grande quantidade de radicais livres. Entretanto, não se sabe se os atletas necessitam de quantidade de selênio acima da recomendação para indivíduos não atletas, que vai de 20 a 55 mcg ao dia, de acordo com o sexo e idade. Entretanto, a comunidade europeia recomenda que sua ingestão seja 1 mcg por kg de peso corporal.

São escassos os estudos que demonstram melhora do desempenho atlético após a suplementação de minerais em indivíduos sem deficiência nutricional. Inicialmente, deve-se investigar o consumo nutricional de minerais pelos atletas para que se possa discutir recomendações mais específicas para este grupo. Para isso, entretanto, seria necessário conhecer a quantidade de minerais nos alimentos, o que não ocorre ainda com muitos deles, por exemplo, o vanádio, cromo, molibdênio, lítio, níquel, boro e manganês. O que se tem até o momento são poucos estudos que dão apenas uma ideia dos teores destes minerais nos alimentos. 



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Conforme se pode observar, em alguns casos a faixa de variação dos teores de minerais é bem ampla, havendo grupos de alimentos que são ricos em um mineral específico e outros grupos que são ricos em outros minerais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária recomenda a ingestão diária dos seguintes tipos e quantidades de alimentos:

|Pães, cereais, raízes e tubérculos|

(pães, farinhas, massas, bolos, biscoitos, cereais matinais, arroz, feculentos e tubérculos): 5 a 9 porções por dia;

|Hortaliças|

(todas as verduras e legumes, com exceção das citadas no grupo anterior): 4 a 5 porções por dia;

|Frutas|

(cítricas e não cítricas): 3 a, no máximo, 5 porções por dia;

|Carnes|

(carne bovina e suína, aves, peixes, ovos, miúdos e vísceras): 1 a no máximo 2 porções por dia;

|Nozes e sementes oleaginosas|

(castanhas, avelã, pistache, noz): 1 porção por dia;

|Laticínios|

(leites, queijos e iogurtes): 3 porções por dia;

|Leguminosas|

(feijão, soja, ervilha,   grão de bico, fava, amendoim): 1 porção por dia;

|Óleos e gorduras|

(margarina/manteiga,    óleo:   1    a     2

porções por dia;

|úcares e doces|

(doces, mel e açúcar): 1 a, no máximo, 2 porções por dia.

Quando se fala em porções de alimentos, sempre há dúvidas. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, RDC 359, de 23 de dezembro de 2003, porção é a quantidade média do alimento que deveria ser consumida por pessoas sadias, maiores de 36 meses de idade, em cada ocasião de consumo e que tem a finalidade de promover uma alimentação saudável. De qualquer forma, são quantidades aproximadas. A Tabela 2 apresenta a porção de alguns alimentos dos grupos anteriormente citados.

Concluindo, o que se pode perceber é que uma dieta contendo alimentos variados e em quantidades adequadas, de todos os grupos, é capaz de suprir as necessidades nutricionais tanto de indivíduos não atletas quanto de atletas.


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