Será que sua alimentação está adequada em zinco?
Será que sua alimentação está adequada em zinco?
Luiza Barbosa de Souza Silva e Karla Silva Ferreira
O zinco também participa na atuação da insulina e na redução da gordura corporal. Ele aumenta a sensibilidade dos tecidos à insulina e pode favorecer tanto o tratamento da obesidade quanto o tratamento da diabetes tipo 2. Os obesos demonstraram aporte reduzido de zinco e apresentaram melhora na sensibilidade à insulina após suplementação.
Tendo em vista a alta prevalência de deficiência de zinco em todo mundo, chegando até em 17%, seu impacto na saúde da população é considerado um problema importante de saúde pública. Certos grupos, como crianças na primeira infância, especialmente prematuros, e idosos, são considerados grupos de risco para a deficiência de zinco.
A recomendação diária de ingestão de zinco para a população sadia são 8 mg para mulheres e 11 mg para homens. Em algumas fases da vida, como gestação, puberdade e senilidade, as necessidades são maiores.
Como mostra o Quadro 1, as ostras são excelentes fontes de zinco. No entanto os teores de zinco neste tipo de alimento são variáveis conforme os teores no ambiente. Além disso, outros metais pesados, como mercúrio, podem também se acumular em ostras até níveis tóxicos. O acúmulo de metais nas ostras deve-se à capacidade limitada desses organismos de metabolizar e depurar contaminantes absorvidos quando comparados a outras espécies animais. Dessa forma seu consumo deve ser feito com cautela, principalmente em gestantes, pois o excesso de mercúrio é perigoso para o desenvolvimento fetal.
No Quadro 2 há um exemplo de estimativa da quantidade de zinco de uma dieta. Observem que os alimentos da dieta foram listados na primeira coluna. Na segunda coluna foram colocadas as quantidades consumidas de cada alimento. Na terceira coluna foram colocadas as quantidades de zinco de cada alimento com base no que foi apresentado no Quadro 1.
Esta dieta contém, aproximadamente, 8,2 miligramas de zinco. Observe que o alimento com maior quantidade de zinco é a castanha de caju. Analisando a dieta podemos ver que o zinco se encontra nos cereais integrais, laticínios, carnes, ovos e oleaginosas, de forma que uma dieta sem esses grupos de alimentos será deficiente em zinco.
A deficiência de zinco tem como efeito adverso diarreia, diminuindo a absorção de outros nutrientes. A deficiência crônica causa aumento na produção de citocinas inflamatórias, o que propicia o aparecimento de grande número de doenças inflamatórias, metabólicas, neurodegenerativas e imunológicas. Artrite reumatoide, diabetes, obesidade, aterosclerose, função cognitiva prejudicada, piora da inflamação crônica e estresse oxidativo podem ser decorrentes da deficiência de zinco. Na infância, a carência desse mineral pode ainda ocasionar déficit de crescimento e aumento da mortalidade infantil por doenças respiratórias e diarreia. Os fatores mais relatados que podem levar à deficiência de zinco são: consumo inadequado de zinco; deficiência de zinco pela nutrição parenteral total; consumo elevado de fitatos e fibras, que diminuem a biodisponibilidade de zinco; desnutrição energético-proteica (DEP); má-absorção intestinal; insuficiência renal crônica; alcoolismo; ingestões elevadas de cálcio e de ferro, normalmente por suplementação.
O consumo excessivo de zinco pode também ter efeito negativo e ocasionar supressão do sistema imune, redução das concentrações sanguíneas de lipoproteínas de alta densidade (HDL ou colesterol bom) e deficiência de cobre. Esta condição raramente ocorre apenas com alimentação, mas sim com suplementação indiscriminada.
Referências
Bibliográficas
ALEXANDER, J.; TINKOV, A.; STRAND, A, T.; ALEHANGEN, U.; SKANLY, A.; AASETH, J. Early Nutritional Interventions with Zinc, Selenium and Vitamin D for Raising Anti-Viral Resistance Against Progressive COVID-19. 2020. Rev. Nutrientes 12(8).
CAVALCANTI, A. D. Monitoramento da contaminação por elementos traços em ostras comercializadas em Recife, Pernambuco, Brasil. 2003. Caderno de Saúde Pública. 19(5). Rio de Janeiro-RJ.
DE SENA, K.C .M.; PEDROSA, L. F. C. Efeitos da suplementação com zinco: crescimento, sistema imunológico e diabetes. 2022. Departamento de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Disponível em: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/efeitos-da-suplementacao-com-zinco-crescimento-sistema-imunologico-e-diabetes/5852. Acesso em: 20 de fevereiro de 2022.
FETT, C. A.; FETT, W. C. R.; PADOVAN, G. J.; MARCHINI, J. S. Mudanças no estilo de vida e fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis e sistema imune de mulheres sedentárias. 2009. Artigos Originais. Rev. Nutr. 22 (2).
FOOD AND NUTRITION BOARD. Dietary reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic, boron, chromiun, copper, iodine, iron, manganese, molybdnum, nickel, silicon, vanadium, and zinc. 2001. Washington: National Academy of Sciences.
LOBO, A. S.; TRAMONTE, V. L. C. Efeitos da suplementação e da fortificação de alimentos sobre a biodisponibilidade de minerais. 2004. Rev. Nutr. 17 (1). Campinas, Brasil.
MACEDO, E.; AMORIM, M.; SILVA, A.; CASTRO, C. Efeitos da deficiência de cobre, zinco e magnésio sobre o sistema imune de crianças com desnutrição grave. 2010. Artigos de Revisão • Rev. paul. pediatr. 28 (3).
MAFRA, D.; COZZOLINO, S. M. F. Importância do zinco na nutrição humana. 2004. Artigos de Revisão. Rev. Nutr. 17 (1).
PEDRAZZA, D. F.; SALES, M. C. Avaliação de desempenho das concentrações capilares de zinco como método diagnóstico da deficiência de zinco: um estudo comparativo com as concentrações séricas de zinco. 2013. Artigos Originais. Rev. Nutr. 26 (6).
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP). Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA). Food Research Center (FoRC). Versão 7.1. 2020. Acesso em: 24 de fevereiro de 2022. Disponível em: http://www.fcf.usp.br/tbca. São Paulo.
UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos. 4ª ed. 2011. 161p. Campinas, SP. Disponível em https://www.unicamp.br/nepa/taco/contar/taco_4_edicao_ampliada_e_revisada. Acesso em 23 de fevereiro de 2022.
Comentários
Postar um comentário
Os comentários serão moderados.