Luiz Fernando Miranda e Karla Silva Ferreira
As cores amarelo, vermelho e laranja nos alimentos vegetais e em alguns fungos se dão pela
presença de pigmentos chamados carotenoides, exemplo o tomate, cenoura, caqui, pimentão
e morango. Os vegetais de cor predominantemente verde também possuem estes pigmentos,
mas ficam ocultados pela elevada quantidade de clorofila, cuja cor verde predomina sobre a
cor dos carotenoides.
Os carotenoides conferem à planta proteção contra o dano fotoxidativo causado pela incidência
da luz. Na natureza já foram detectados mais de 600 tipos de carotenoides que podem ser
divididos em duas classes: os carotenos que são insolúveis em água, compostos somente por
carbono e hidrogênio (ex. licopeno e betacaroteno) e as xantofilas que são solúveis em água
(ex. luteína e zeaxantina) e contêm o oxigênio em suas moléculas. Os carotenoides mais
comuns na natureza são o licopeno, o betacaroteno, a luteína, a zeaxatina e a astaxantina.
A presença de inúmeras duplas ligações conjugadas (alternadas) nas moléculas destes
pigmentos propicia a formação de isômeros cis e trans, sendo o trans mais estável.
A ingestão de carotenoides pelos humanos é fundamental, pois estas substâncias além de
serem precursoras para a síntese de vitamina A, elas também têm a função de proteger as
células dos danos causados pelos radicais livres. A vitamina A é essencial para o crescimento,
imunidade e visão.
Quando os vegetais são ingeridos pelos humanos e animais, os carotenoides são absorvidos
pelas células intestinais (enterócitos), e ainda nestas células, uma parte é convertida em
vitamina A e o restante é transportado até o fígado. No fígado, parte dos carotenos são clivados
e também convertidos em vitamina A. E os não clivados são transportados para outros tecidos
do corpo onde atuarão como antioxidantes.
Para ser convertido em vitamina A o carotenoide deve conter em sua estrutura ao menos 1 anel
beta-ionona (parte cíclica da cadeia) e a cadeia lateral (não cíclica) contendo ao menos 11
átomos de carbono unidos com duplas ligações alternadas (figura 2). A vitamina A é um termo
genérico aplicado apenas aos retinóides que possuem a beta-ionona. No total, quatro
moléculas são consideradas vitamina A: retinol todo-trans, retinal, éster de retinila e ácido
retinóico. Os vegetais não possuem vitamina A pronta, somente as células animais e algumas
bactérias.
Os carotenoides que podem ser convertidos em vitamina A nas células animais são os alfacarotenos, betacarotenos e as beta-criptoxantinas. O betacaroteno é o principal precursor da
vitamina A, pois ele possui dois anéis beta-ionona em sua cadeia. A beta-criptoxantina, apesar
de menor capacidade de gerar moléculas de vitamina A, é o caroteno melhor absorvido no
intestino (é 7 vezes mais absorvido do que o betacaroteno).
Os carotenoides conferem proteção às células da pele e dos olhos contra danos foto-oxidativos
causados pela incidência excessiva da luz azul, radiação UVA e UVB. O dano pode ser visível
de imediato, como vermelhidão na pele, ou até dano ao colágeno, tumor e degeneração da
mácula (região central da retina). Pessoas muito sensíveis à luz podem se beneficiar com a
suplementação de carotenoides. As moléculas com maiores capacidade de absorver estas
radiações são a luteína seguida da zeaxantina, β-caroteno e licopeno.
O consumo mínimo de carotenoides para resultar em efeito benéfico para a saúde é de 20
mg/dia consumido durante 10 semanas. No Brasil, a ANVISA estabelece a dose máxima
suplementar diária para alguns carotenoides. São eles: licopeno 8 mg, luteína 20 mg,
zeaxantina 3 mg e astaxantina 6 mg. A máxima proteção destas moléculas aos danos causados
pelos radicais livres está associada a quantidade mínima de nove duplas ligações na cadeia
poliênica. Por essa razão o licopeno é melhor protetor que os demais carotenoides. Ainda
assim, é importante que sejam consumidos vários tipos de carotenoides, pois diferem entre si
na solubilidade em água ou gordura, o que lhes confere capacidade de atuar em diferentes
locais da célula.
A ingestão excessiva de carotenoides (acima de 30 mg/dia) pode levar a carotenodermia, que
é o acúmulo de caroteno na pele conferindo colocação amarelada. Ainda não há registro de
que a carotenodermia seja prejudicial ao corpo.
No que tange a prevenção de doenças cardiovasculares e câncer, ainda não há formas de
consumo e dosagens conclusivas. Apesar de haver indícios de que o consumo de carotenoides
acima de 20 mg/dia possa elevar o teor destes no plasma, nos tecidos e conferir proteção aos
mesmos, não é possível afirmar que isto garanta prevenção ou trate estas doenças.
No quadro abaixo, estão descritos os alimentos mais ricos em carotenoides, acima de 3 mg/100
g do alimento. Entretanto os teores de carotenoides nos alimentos podem variar devido ao
clima, variedade das espécies, grau de maturação do vegetal e caraterísticas do solo.
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