Cereais - Artigos Projeto de Extensão @nossosalimentos_uenf
Cereais
Karla Silva Ferreira
Os principais cereais da dieta brasileira são o arroz, o milho e a aveia.
Os cereais integrais são boas fontes de fibra, ácidos graxos, compostos antioxidantes, os quais combatem moléculas causadoras de danos às células, inclusive a vitamina E — que atua na prevenção do câncer e no desenvolvimento de aterosclerose — e minerais como o zinco, o magnésio e o fósforo, trio este que atua no sistema imunológico e fortalece os ossos. Os cereais integrais contêm todos os nutrientes do grão: vitaminas, minerais e proteínas. Já os não integrais, como o arroz polido, contêm praticamente só carboidrato. Entretanto, os cereais integrais têm menor vida de prateleira que os não integrais. Na Tabela 1 é apresentada a composição de alguns cereais, inclusive do arroz integral e do arroz polido.
Alguns cereais integrais são fontes
importantes de proteína para os animais, embora estas não tenham o
equilíbrio ideal entre os aminoácidos essenciais, isto é, não são proteínas
de elevada qualidade nutricional.
Entretanto, quando associados a
outros alimentos de origem vegetal, especialmente as leguminosas, esta
combinação adquire um perfil de aminoácidos similar ao de proteínas de elevado
valor nutricional.
Fonte: NEPA
– UNICAMP, 2011.
O consumo de cereais integrais auxilia na perda de peso corporal
e também em dietas de indivíduos pré-diabéticos e diabéticos. Ingerindo
estes alimentos, o esvaziamento gástrico é mais lento, e isso mantém a pessoa
sem fome, uma vez que o cérebro recebe sinais de que o estômago está
distendido, diminuindo, assim, a vontade de comer. Por serem absorvidos mais
lentamente, também acarretam menor elevação nos picos de glicose sanguínea, o
que é importante na prevenção e controle do diabetes.
Os níveis sanguíneos de lipoproteínas de baixa densidade (mau colesterol)
também tendem a reduzir com o consumo de cereais integrais. Uma das explicações
é que as fibras dos cereais integrais complexam com os sais biliares, que são
produzidos a partir do colesterol, não possibilitando que sejam reabsorvidos (normalmente os sais biliares são
reabsorvidos, existindo entre o intestino e o fígado um ciclo de envio de
ácidos graxos para o intestino e reabsorção e reaproveitamento dos mesmos pelo
fígado). Não sendo reabsorvidos, o fígado sintetiza mais ácidos biliares a
partir do colesterol retirado das lipoproteínas de baixa densidade, reduzindo a
quantidade das mesmas no sangue, o que é benéfico à saúde.
Outro mecanismo proposto para o efeito das fibras na redução das lipoproteínas
de baixa densidade é pela produção de ácidos graxos de cadeia curta pelos
microrganismos que habitam normalmente o intestino grosso. Estes microrganismos
fermentam as fibras e excretam ácidos graxos de cadeia curta, que atuam no fígado reduzindo ali a síntese de colesterol. Além disso, tornam
esta parte do intestino mais acidificada e inadequada para o crescimento de
bactérias putrefativas que produzem substâncias cancerígenas.
Entretanto, o consumo elevado de produtos integrais pode prejudicar a absorção
de outros nutrientes, principalmente os minerais. Isso porque eles são ricos em
fitatos, substâncias que se ligam aos minerais, impedindo que sejam absorvidos.
Dentre os minerais, os mais citados na literatura como tendo a absorção
prejudicada pelo excesso de fibras são o cálcio e o zinco.
É importante atentar para o fato de que o colesterol é uma substância
importante para o organismo, ele faz parte do sistema nervoso, da estrutura das
células e das lipoproteínas de alta densidade (o bom colesterol, que é
importante para limpar as artérias). Entretanto, dependendo de características
genéticas e dieta inadequada, haverá síntese elevada de colesterol e também de
triacilgliceróis pelo organismo, que juntos irão formar as lipoproteínas de
baixa densidade. O colesterol contido nestas lipoproteínas, na ausência de
vitamina E, pode ser oxidado e ser depositado nas artérias, formando as placas
ateromatosas. Portanto, para evitar níveis elevados de lipoproteínas de baixa
densidade, não adianta apenas reduzir o consumo de colesterol. O colesterol do
alimento não é o mais importante nestes casos, mas sim o produzido pelo
organismo a partir dos carboidratos (principalmente doces) e gorduras
consumidos em excesso, associado ao sedentarismo.
Atualmente fala-se muito no glúten. Esta substância é um
complexo de proteína e carboidrato presente em apenas alguns cereais e seus
derivados: trigo, aveia, centeio e cevada. A ingestão de glúten por portadores
de doença celíaca, que é uma alergia ao glúten, acarreta inflamação do
intestino, resultando em diarreia, má absorção de nutrientes e desnutrição. Nos
casos de intolerância ao glúten, há necessidade de retirar da dieta alguns
cereais e alimentos que os contenham, especialmente o trigo e seus derivados.
O Ministério da Saúde recomenda o consumo de seis porções diárias de cereais em
uma dieta de 2000 Kcal. Com aumento do requerimento energético, deve-se
aumentar a ingestão de cereais.
Referências Bibliográficas:
BRASIL.
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria
Colegiada – RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003,– Estabelece o Regulamento
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NEPA
– UNICAMP. Tabela brasileira de composição de alimentos. 4. ed.
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SHILS, M.
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