Diabetes: você pode ter e não saber - Artigos Projeto de Extensão @nossosalimentos_uenf

Diabetes: você pode ter e não saber
Luiz Fernando Miranda e Karla Silva Ferreira
Em 2011, a Federação Internacional de
Diabetes divulgou o último levantamento sobre a quantidade de diabéticos no
mundo, mostrando que a doença atinge pelo menos 366 milhões de pessoas. No
Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas são portadoras da doença e 500 casos
surgem a cada dia. O Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, apresenta o maior
contingente diabético do país, afetando quase 10% da população. Segundo o
Ministério da Saúde, o Diabetes está entre as cinco doenças crônicas não
transmissíveis que mais matam no mundo.
Existem, principalmente, dois tipos de Diabetes: o tipo 1 e o tipo 2. O tipo 1 chama-se Diabetes Mellitus Insulinodependente. Ela ocorre quando o indivíduo não produz insulina em decorrência de doença autoimune quando o próprio organismo destrói células específicas do pâncreas que produzem insulina (células beta). Com a ausência ou baixa produção deste hormônio, a glicose se eleva no sangue. Estes indivíduos, portanto, necessitam de medicamentos e insulina, que também são fornecidos gratuitamente em setores públicos de saúde.
E a nutrição, como ela pode contribuir para e prevenir a doença e/ou prolongar
e melhorar a qualidade de vida dos diabéticos? Seguem algumas contribuições:
Indivíduos portadores do Diabetes
tipo 2, entretanto, produzem insulina, mas possuem muitas células parcialmente
ou totalmente insensíveis ao contato com a insulina, o que reduz a captação de
glicose do sangue e, consequentemente, elevando a glicemia. Dentre o total de
pessoas diabéticas, 90% a 95% são do tipo 2. Este tipo de diabetes tem
múltiplas causas, sendo também de origem genética e influenciado pela
inatividade física, excesso de gordura corporal e dieta.
| Mas qual a importância de controlar o
teor de glicose no sangue? |
O teor de glicose no sangue não pode
ser muito baixo, inferior a 70mg/dL de sangue (hipoglicemia) pois resulta em
fraqueza e até coma e morte. Também não pode ser continuamente elevado,
frequentemente acima de 126 mg/dL de sangue (hiperglicemia). Em curto prazo, a
hiperglicemia constante resulta na produção de substâncias que podem prejudicar
a visão, a função de proteínas das células do sangue, dos vasos sanguíneos e de
receptores de insulina (o que também contribui para o desenvolvimento do
Diabetes tipo 2). Se a pessoa com diabetes não fizer o tratamento corretamente,
os efeitos mencionados acima se agravarão, podendo resultar em doenças
oftalmológicas, insuficiência renal, doenças neurológicas, cardiovasculares,
acidente vascular periférico e cerebral (AVC) e morte.
Há muitas pessoas que são diabéticas
ou pré-diabéticas (glicose no sangue em jejum, regularmente, entre 100 e
125mg/dL de sangue) e não sabem, pois os sintomas podem não ser percebidos pelo
doente. Segundo o Ministério da Saúde em recente diretriz para cuidado aos
diabéticos, publicada em setembro de 2012, os principais sintomas clínicos são:
perda de peso aparentemente inexplicável, urinar em grande quantidade sem
ingestão de muito líquido e excessiva sensação de sede.
1. Além de cuidado médico, os diabéticos devem ter orientação nutricional para elaboração de dietas e monitoramento da glicose no sangue. Ter diabetes não significa ser proibido de ingerir os alimentos que deseja, mas sim ter o controle dietético. Os pré-diabéticos e indivíduos não diabéticos com histórico da doença na família devem ter atenção redobrada com a alimentação e estilo de vida para prevenir ou postergar o máximo possível a manifestação da doença.
2. Jamais elimine carboidratos
totalmente da dieta. Isto independe se você é ou não diabético. Ingerir carboidratos é fundamental à vida!
3.Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 61% dos casos da doença ocorrem devido à obesidade! Portanto, evite o consumo de alimentos em excesso e faça exercícios físicos com respaldo médico.
4.Sempre que possível, ao consumir alimentos ricos em carboidratos, procure ingerir juntamente alimentos ricos em fibras e proteínas, mas com pouca gordura. Exemplo: comer pão ou torrada com creme de ricota ou requeijão light pode ser mais saudável do que comer a torrada ou pão puro. Do ponto de vista técnico, o índice glicêmico da torrada complementada é menor. Outros exemplos mais saudáveis: macarrão com molho “light” e vegetais, pão integral com sementes, arroz com feijão, iogurte light, queijo com goiabada, refeição em geral com vegetais.
5.Evite a ingestão de bebidas ricas em sacarose (açúcar), como refrigerantes, refrescos, néctares e sucos adoçados.
6. Os suplementos hipercalóricos à base de maltodextrina não devem ser ingeridos indiscriminadamente por indivíduos não atletas. A maltodextrina é um carboidrato de rápida absorção, que provoca picos agudos de glicose e insulina no sangue, fato que deve ser evitado para prevenção do Diabetes. Estes produtos foram elaborados para atletas e devem ser ingeridos estrategicamente. Consumi-los sem orientação nutricional pode fazer mal em longo prazo (leia a matéria anterior sobre Suplementos Alimentares, neste mesmo Blog).
7. Consuma
diariamente verduras, legumes e frutas, de preferência in natura. Exemplos
de frutas indicadas para os diabéticos: pera inteira, maçã inteira, mamão,
morango, jambo, kiwi, laranja com a parte branca, uva inteira, abacate e
acerola.
Referências Bibliográficas:
BRODY, T. Nutritional biochemistry. California: Academic Press, 1994. 658p.
COX, M. M. ; NELSON, D. L. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 5ª ed, Porto Alegre: Artmed, 2011, 1304p.
INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION – Disponível em: <https://idf.org/>
MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL - Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br>
SHILS, M. E. ; et al. Nutrição moderna na saúde e na doença. 10a ed americana. São Paulo: Manole. 2009, 2222p.
SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES - Disponível em: <https://www.diabetes.org.br/publico/>
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