Disbiose e obesidade - Artigos Projeto de Extensão @nossosalimentos_uenf


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Disbiose e obesidade

Taylane Fragoso, Luiz Fernando Miranda da Silva, Karla Silva Ferreira


Sabe-se que o sedentarismo, maus hábitos alimentares, uso excessivo de álcool e estresse estão entre os fatores de risco associados à obesidade. Nos últimos anos, porém, os pesquisadores estão encontrando evidências que apontam que os tipos de bactérias e suas quantidades no intestino podem influenciar no aumento da gordura corporal.
O trato intestinal humano é colonizado, logo após o nascimento, por bactérias que desenvolvem populações relativamente   complexas   e       estáveis.

As   bactérias   da   microbiota  intestinal são encontradas nos intestinos delgado e grosso. Especificamente no cólon (intestino grosso), as bactérias anaeróbias obrigatórias (que sobrevivem apenas na ausência de oxigênio) superam as bactérias anaeróbias facultativas (que podem viver tanto na presença quanto na ausência de oxigênio).

Aproximadamente 30% desta população microbiana pertence ao Filo Bacteroidetes. Um outro filo de bactérias de interesse para o estudo são as Firmicutes, maioria das quais possui uma parede celular gram-positiva.

Este grupo de bactérias parece estar relacionado com o desenvolvimento de obesidade.




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A relação entre as bactérias intestinais (microbiota) com a obesidade começou a ser estudada quando alguns cientistas transferiram a microbiota de ratos obesos para ratos magros e, em seguida, observaram que os animais com peso normal ganharam peso após a alteração da sua flora intestinal.

Evidências apontam que um desequilíbrio da flora intestinal, conhecido como disbiose, pode alterar o mecanismo de armazenamento de gordura corporal e a resposta aos hormônios que controlam a saciedade. Pessoas com excesso de peso apresentam um aumento da relação entre   bactérias  do   tipo    Firmicutes     e Bacteroidetes  quando comparados a indivíduos magros.  Esse desbalanço promove o aumento do Fator  Adiposo  Induzido  por  Jejum   (FIAF )    que,  por sua vez, aumenta o armazenamento de triglicerídeos,      além     de  diminuir     a secreção de hormônios como o GLP1 e o Peptídeo YY, promovendo menor saciedade e, em contrapartida, aumento na ingestão de alimentos. Dessa forma, a microbiota é essencial para manutenção da homeostase do metabolismo energético.

A microbiota intestinal está sujeita a rígido controle e dentre os fatores que contribuem para isso destacam-se os hábitos alimentares.  As bactérias do cólon sintetizam vitaminas como biotina, ácido fólico, tiamina, B12 e K e fermentam carboidratos não digeríveis (fibras) em ácidos graxos de cadeia curta que constituem fontes de energia para as células intestinais.


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As causas da disbiose intestinal são várias, desde o parto até o estresse e estilo de vida. Desta forma, os gatilhos e mediadores relacionados à hipersensibilidade intestinal e disbiose são: o uso de antibióticos e consumo excessivo de álcool, estresse e qualidade  de   vida,  consumo  excessivo de açúcar e de alimentos industrializados, consumo excessivo de álcool, estresse  e  doenças intestinais, como síndrome do intestino irritável, constipação intestinal, diarreia, infecções por Helicobacter pylori e infecções do trato geniturinário.

Até o momento, a dieta é um dos principais fatores que influenciam essa relação microbiota x obesidade. Sendo assim, escolhas alimentares equivocadas podem alterar toda a microbioma intestinal, favorecendo o crescimento   de  bactérias    patogênicas e     o     desenvolvimento    da    obesidade. Faz-se necessária a colonização  intestinal por bactérias benéficas que auxiliem a digestão e absorção dos nutrientes. O que os pesquisadores esperam é modificar o microbioma intestinal com o uso de probióticos, prebióticos e simbióticos, favorecendo o desenvolvimento de cepas benéficas para a redução do peso.

Uma ferramenta empregada para garantir a sobrevivência dos probióticos e garantir a seleção benéfica da microbiota intestinal são os prebióticos, que são os alimentos dos microrganismos benéficos. O termo prebiótico foi empregado por Gibson e Roberfroid, em 1995, para designar “ingredientes nutricionais não digeríveis que afetam beneficamente  a saúde do indivíduo que os ingere estimulando seletivamente o crescimento e atividade de uma ou mais bactérias benéficas do cólon, melhorando a saúde do indivíduo”.       

 

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A principal ação deles é estimular o crescimento e/ou ativar o metabolismo de algum grupo de bactérias benéficas do trato intestinal.

O composto formado pela associação de um ou mais microrganismos benéficos (probióticos) com um ou mais de seus alimentos (prebióticos) é denominado simbiótico. Esta associação é importante para garantir a sobrevivência dos probióticos.

Segundo o Regulamento Técnico de 2005 da Anvisa, um composto simbiótico deve ter quantidade mínima viável       (vivos e com capacidade de sobreviver) na faixa de 10 a 10UFC na dose do simbiótico recomendada para ser ingerida diariamente.

UFC  é  Unidade  Formadora  de  Colônia, que     é      o     modo         de      expressar       a quantidade de   microrganismos   presentes  em    um produto   ou   local.  A  concentração    de células viáveis deve ser ajustada na preparação a ser ingerida, levando-se em conta a capacidade de sobrevivência de maneira a atingir o mínimo de 10 UFC do conteúdo intestinal. Na Tabela 1 pode-se observar a dose recomendada (UFC) dos probióticos mais utilizados.

Quanto à porção prebiótica, demonstrou-se que 10 g/dia de Frutooligossacarídeos (FOS) constitui dose ideal e bem tolerada, e que 4 g/dia de FOS ou inulina é o mínimo necessário para promover o crescimento de bifidobactérias. Mas é importante ressaltar que estes probióticos e prebióticos podem causar gases.  


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