Por que carnes processadas podem causar câncer? - Artigos Projeto de Extensão @nossosalimentos_uenf
Por que carnes processadas podem causar câncer?
Em outubro de 2015, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Agência
Internacional de Investigação do Câncer (IARC) publicaram um relatório
informando que o consumo excessivo de carne processada provavelmente é
cancerígeno para o ser humano. Este relatório foi elaborado por uma equipe
composta por 22 especialistas de 10 países que, após intensa revisão de
pesquisas científicas, concluíram que o risco de desenvolver câncer colorretal
aumenta em 18% a cada porção de 50 gramas de carne processada ingerida
diariamente.
Esta informação alarmou a população, no entanto, não houve a devida explicação
sobre a causa de carnes processadas serem cancerígenas. A razão mais provável é
a utilização dos aditivos “nitrato” e “nitrito” nestes alimentos.
O nitrato e nitrito são componentes dos sais de cura e, consequentemente,
colocados nos produtos curados, tais como salsicha, bacon, salame, mortadela,
presunto, apresuntado (embutidos em geral) e também em alguns tipos de queijos
(exceto os queijos frescais).
Durante o processo de cura, o nitrato e nitrito participam de diversas reações nos alimentos e no organismo, dando origem tanto a substâncias prejudiciais quanto benéficas para a saúde.
Os “nitro ácidos graxos”, formados dentro do organismo, quando ingeridos
através de alimentos contendo nitrato ou nitrito e lipídios insaturados são
benéficos para a saúde, pois abaixam a pressão arterial, contribuindo, assim,
para a prevenção de doenças cardiovasculares. (ver matéria “Nitro ácidos
graxos: mais um fator positivo na dieta do Mediterrâneo” -http://uenfciencia.blogspot.com.br/2014/09/coluna-nutricao.html)
e < https://projetonossosalimentos-uenf.blogspot.com/p/artigos-do-projeto.html
Os nitritos dão cor à carne, atuam como conservante, mas geram substâncias
cancerígenas. Como conservantes, inibem o crescimento da
bactéria Clostridium botulinum, causadora do botulismo, a qual pode ser
fatal.
O processo de coloração da carne ocorre após a conversão do nitrito em óxido nítrico (NO), que reage com a mioglobina e produz a cor característica dos produtos curados: vermelha intensa, quando a carne não é submetida a aquecimento (salames); ou rosa, quando a carne é cozida (presuntos e apresuntados).
Já as substâncias cancerígenas, denominadas nitrosaminas, são formadas pela reação do nitrito com proteínas, aminoácidos e outros compostos que contêm nitrogênio. Parte dos nitritos presentes nos produtos curados são formados a partir dos nitratos pela ação de bactérias durante o processo de cura. A figura 1 ilustra as reações do nitrato e nitrito.
Os principais tipos de câncer relacionados com a ingestão de
nitrosaminas são os de esôfago, fígado e estômago. Há fatores que favorecem e
outros que inibem a
sua formação nos
No Brasil, assim como na maior parte dos países, ainda não existe monitoramento nem legislação específica para avaliar a presença de nitrosaminas nos alimentos. Nos países em que há regulamentação específica para os teores de nitrosaminas em alimentos, estes são determinados de acordo com o hábito alimentar da população. Por exemplo, o teor máximo em carnes curadas, que é um dos alimentos com teores mais elevados de nitrosaminas, pode chegar a 1,5 microgramas em 50 gramas de alimento no Chile, mas apenas 0,5 nos Estados Unidos. Na tabela 2 são apresentados os limites máximos de nitrosaminas em alguns alimentos estabelecidos, em alguns destes países.
Quanto às carnes vermelhas “in natura”, sem adição de nitrato e nitrito,
não há comprovação científica de que possuam efeito cancerígeno. A Organização Mundial de Saúde apenas
adverte que seu consumo
excessivo
Com base nos estudos feitos até o momento, as atitudes mais sensatas com relação à prevenção dos problemas de saúde causados pela ingestão de carne são os seguintes:
Referências Bibliográficas:
BRAADUTRA, C.;
RATH, S.; REYES, F.G. Nitrosaminas voláteis em alimentos. Alim. Nutr.
Araraquara v.18, n.1, p.111-120, 2007.
CANHOS, D. L.; DIAS, E. L. Tecnologia de carne bovina e produtos derivados. Fundação
Tropical de Pesquisas e Tecnologia, São Paulo, 440p. s.d.
INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER; World Health
Organization. IARC. Monographs evaluate consumption of red meat and
processed meat. Comunicado de imprensa, Nº 240, 26 de Outubro de 2015.Disponível em: <https://www.iarc.fr/en/media-centre/pr/2015/pdfs/pr240_E.pdf>.
Acessado em 20/06/2016.
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