O consumo excessivo de óleo no Brasil e suas implicações na saúde e ambiente

O consumo excessivo de óleo no Brasil e suas implicações na saúde e ambiente

O Brasil consome mais de 4,7 bilhões de litros de óleo de cozinha por ano e 1 bilhão é despejado na rede de esgoto. Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, 1 litro de óleo contamina mais de 25 mil litros de água. Além do consumo de óleo ser excessivo, também é danoso ao meio ambiente.

Os óleos de cozinha mais vendidos são de soja, de canola, de girassol e de milho, que são consumidos, prioritariamente, na forma de fritura. Muitas das vezes estes óleos são utilizados sem as devidas precauções para evitar sua oxidação, ou já parcialmente oxidados. O óleo já parcialmente oxidado apresenta cor escura, maior viscosidade, formação de espuma, liberação de fumaça mesmo em temperatura mais baixa e odor de ranço. O uso de óleos com sujidades em frituras acelera seu processo de oxidação, acarretando liberação de fumaça e formação de substâncias tóxicas e, ou com gosto e odor desagradáveis, mesmo em temperaturas mais baixas. Segundo a Sociedade Alemã da Ciência da Gordura, se a acidez do óleo estiver acima de 1%, o óleo já é considerado deteriorado – um teste simples que os comerciantes poderiam fazer.

A recomendação para aumentar a vida útil dos óleos é sempre utilizá-los livres de resíduos (filtrados) e em temperatura que não provoquem liberação de fumaça. Quando um óleo apresenta cor escura e queima (libera fumaça) em baixas temperaturas é hora de ser descartado.

Muitas vezes, quando estes óleos velhos são utilizados nas frituras de alimentos, como ovo, batata, empanados, carnes e salgadinhos, um consumidor pouco exigente pode até identificar gosto ruim, mas ainda assim consumir o alimento. Entretanto, o problema mais sério é para o preparador destes alimentos. Durante o aquecimento dos óleos, principalmente dos velhos, ocorre elevada liberação de produtos tóxicos, que ao serem inalados pelos preparadores de alimentos os tornam mais propensos a desenvolver câncer de pulmão.

Outro problema relacionado ao consumo de frituras é sua contribuição para o ganho de peso de seus consumidores. Acredita-se que em 2060, se o Brasil continuar neste ritmo de alto consumo energético e elevada taxa de sedentarismo, 88% da população brasileira terá sobrepeso ou obesidade. Esta condição de saúde está relacionada com doenças do sistema digestório: gastrite, refluxo gastro-esofagiano, diarreia, esteatose hepática e doenças inflamatórias intestinais.

Por isso é importante que a população evite alimentos à base de frituras, sobretudo aqueles vendidos em lanchonetes e comércios ambulantes sem controle de qualidade. A Organização Mundial da Saúde reconhece que o mundo precisa desenvolver e aplicar políticas públicas a fim de melhorar a qualidade dos nossos alimentos e dieta, bem como melhorar a fiscalização da produção alimentar e do descarte dos resíduos alimentares. No caso dos óleos, seu descarte não deve ser feito na pia ou tanque para que não vá para as redes de esgoto. O descarte correto do óleo velho é dentro de garrafas pets que possam ser recolhidas por coletores especiais ou, em último caso, coletados junto com o lixo comum.



Referências Bibliográficas

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  3. Recicla Sampa. Brasil descarta incorretamente 1 bilhão de litros de óleo por ano. Disponivel em: <https://www.reciclasampa.com.br/artigo/brasil-descarta-incorretamente-1-bilhao-de-litros-de-oleo-por-ano>. Data de acesso: 29 de maio de 2023.

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  5. Teng C, Zheng S, Wan W et al. Fatty foods and the risk of bladder cancer: A case-control study. Nutrition. 2023; 106:111868.

  6. SBCBM. 90% dos casos hormonais de queda de libido estão ligados à obesidade. Disponível em: <https://www.sbcbm.org.br/90-dos-casos-hormonais-de-queda-de-libido-estao-ligados-obesidade/#:~:text=Os%20dados%20mais%20recentes%20apontam,estimados%20em%20US%20%24218%20bilh%C3%B5es>. Data de acesso: 29 de maio de 2023.

 

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