Kefir: alimento nutritivo e fonte de probióticos
Luiz Fernando Miranda e Karla Silva Ferreira
O termo kefir vem da língua turca keyif, que significa "bom sentimento", devido à boa sensação que a pessoa sente após bebê-lo. De acordo com as histórias, o kefir surgiu ao se guardar o leite de cabra ou vaca em bolsas feitas de pele de animais. As condições dentro destas bolsas (temperatura ligeiramente elevada e ausência ou baixa concentração de oxigênio) propiciaram o crescimento de microorganismos e modificação de alguns componentes do leite com formação de grãos semelhantes à couve-flor, apresentando uma textura viscosa e estrutura forte.
Segundo a Organização Mundial da Saúde os grãos de Kefir são constituídos por bactériasláticas
(a maioria delas, 65-80%), acéticas(20%) e acoólicas (gêneros Lactobacillus sp., Leuconostoc sp.,
Lactococcus sp. e Acetobacter sp.) e por leveduras fermentadoras ou não de lactose
(Kluyveromyces marxianus, Kluyveromyces lactis e Torula kefir, Saccharomyces unisporus,
Saccharomyces cerevisiae e Saccharomyces exiguus). Quimicamente, a composição destes grãos
inclui baixos teores de lactose, ácidos (láctico, acético, butírico, propiônico), gás carbônico,
etanol, peptídeos bioativos, polissacarídeos e bacteriocinas. Um dos polissacarídeos formados,
o glucogalactano (união de D-glicose e D-galactose) é o principal composto que confere
viscosidade à bebida. Este polissacarídeo é normalmente conhecido como kefiran. A maioria
destes compostos estão sendo estudados quanto aos possíveis efeitos benéficos à saúde, como
melhora de quadros inflamatórios intestinais e da imunidade.
A proporção entre os compostos presentes no kefir pode variar dependendo das condições de
produção, tais como temperatura, tempo de fermentação, agitação, tipo de leite e proporção
grão/leite. Já existem estudos no Brasil que caracterizaram os tipos de bactérias em diferentes
marcas de kefir, sendo encontrado normalmente Lactobacillus paracasei, Lactobacillus
parabuchneri, Lactobacillus casei, Lactobacillus kefir, Lactococcus lactis, Acetobacter
lovaniensis, Kluyveromyces lactis, Kazachstania aerobia, Saccharomyces cerevisiae e Lachancea
meyersii. Há produtos no mercado que já expõem na embalagem os nomes das bactérias e
levedura contidas na bebida.
No Brasil, apesar de já existir produção industrial, na maioria das vezes os grãos de kefir são
doados e a produção ocorre de maneira artesanal nas residências, sem haver, portanto, uma
padronização na elaboração do produto. Em casos de preparo do kefir em condições higiênicas
inadequadas pode ocorrer contaminação da bebida com bactérias patogênicas, que competirão
pelos nutrientes no alimento, reduzindo assim a população de bactérias benéficas e podendo
causar infecção alimentar. Uma das formas de preparar o kefir sem risco de contaminação é
utilizar produtos liofilizados ou desidratados e esterilizar (ferver) o recipiente e utensílios que
entrarão em contato com o produto.
Além das bactérias presentes, o kefir é muito nutritivo. O kefir a base de leite integral contém
em torno de 6 % de gordura e 4-10 % de proteína. É também rico em alguns micronutrientes
como o cálcio (200 mg/100 g), fósforo (105 mg/100 g), potássio (165 mg/100 g), selênio (3,6
mcg/100 g), vitamina B12 (0,29 mcg/ 100g), vitamina A (392 mcg/100 g), riboflavina (0,14
mcg/100g). Em vista disso, o kefir tem se mostrado um alimento muito saudável e relativamente
barato. É uma ótima escolha frente a tantos novos alimentos processados que provocam
malefícios à saúde.
REFERÊNCIAS
1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP). Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA).
Food Research Center (FoRC). Versão 7.1. 2020. Disponível em:
Acesso em: 14 de dezembro de 2022.
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