DE OLHO NA LANCHEIRA - Artigos Publicados Nossos Alimentos



 De olho na lancheira

Julia Torres, Carolina de Mello Schelck, Karina Alves e Karla Silva Ferreira







A alimentação adequada na infância contribui para um bom desenvolvimento físico e mental, evitando carências nutricionais que podem ser responsáveis pela desnutrição infantil, além de promover o conhecimento de novos alimentos, contribuindo para a construção de hábitos saudáveis e consequentemente prevenir doenças crônicas, como a obesidade infantil. A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), no ano de 2008-2009, realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, indicou que 40% da população brasileira está acima do peso. Considerando apenas crianças entre cinco e nove anos, esse percentual chega a 36,6%. A probabilidade de uma criança obesa desenvolver patologias como a hipertensão, diabetes tipo 2 e obesidade mórbida na fase adulta ou na adolescência é muito maior, por isso é tão importante desenvolver boas práticas desde cedo.

A principal causa do excesso de peso na população mais jovem é o consumo excessivo de alimentos ricos em açúcar e gordura, principalmente os industrializados, justamente os alimentos preferidos das crianças. Ao sentir o sabor adocicado, a criança tende a dar preferência a esses tipos de alimentos e rejeitar o consumo de frutas, verduras e legumes que não possuem um sabor tão doce quanto as guloseimas, biscoitos recheados, bolinhos industrializados, entre outros. Por esse motivo, a educação nutricional nos primeiros anos de vida é ideal a fim de promover atitudes positivas sobre os alimentos, além de ter grande importância na construção de bons hábitos alimentares que vão se perpetuar até a adolescência e vida adulta.

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Um escolar com as necessidades nutricionais supridas tem um maior rendimento que aqueles que não possuem uma boa qualidade na alimentação. Algumas deficiências nutricionais na infância deixam sequelas irreparáveis. Consequentemente, a qualidade dos alimentos oferecidos às crianças é fundamental para seu desenvolvimento mental e redução da incidência de Doenças Crônicas não Transmissíveis (hipertensão, doenças cardiovasculares, câncer e doenças respiratórias) na idade adulta.

A família exerce a maior influência na alimentação infantil. Se os pais não consomem alimentos saudáveis, é difícil fazer com que a criança tenha esse costume.  Ainda que o ambiente familiar seja o principal referencial de alimentação que as crianças possuem, deve-se também considerar o âmbito escolar como um formador relevante na construção da educação alimentar.

Os três grandes obstáculos são facilmente identificados para que a educação nutricional aconteça de maneira efetiva na vida da criança:

1. O primeiro é o mau hábito alimentar da família. Os pais devem dar exemplo e incentivar o consumo de alimentos mais saudáveis, visto que os alimentos que a criança leva para a escola são uma extensão dos que ela come em sua casa. Portanto, as crianças devem ter a oportunidade de experimentar em casa novas opções de alimentos saudáveis. A partir disso, seus pais ou responsáveis poderão conhecer suas preferências alimentares e consequentemente montar lancheiras com opções de alimentos que agradem Á criança e ao mesmo tempo possuam qualidade nutricional.



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2. O segundo é o bullying escolar. É observado que as crianças sentem vergonha  quando não levam para a escola os lanches iguais aos das outras crianças, gerando dificuldade de identificação no grupo. Diante disso, é importante que a escola interfira para evitar esse tipo de acontecimento.  Além dos professores ficarem atentos para combater o bullying relacionado aos alimentos, a escola deve possuir atividades voltadas para a educação nutricional. Algumas destas medidas podem ser: a inserção de conteúdos que relacionem as matérias lecionadas aos hábitos alimentares; a promoção de atividades extraclasse, como, por exemplo, o estabelecimento de um dia para lanche comunitário e/ou um dia com algum tipo de alimento específico na merendeira; workshops e brincadeiras educativas que estimulem os bons hábitos alimentares dos escolares, e também é muito relevante as atividades incluindo os pais ou responsáveis.



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3. E o terceiro é a vida corrida dos responsáveis pela criança, que em busca da praticidade optam por opções de merendas industrializadas. Para contornar este problema, uma sugestão é a organização. Os pais devem possuir um planejamento semanal, o qual garanta que os alimentos possam ser previamente escolhidos e que possam ser preparados para vários dias, evitando diversas idas ao mercado. Uma excelente prática é reservar um tempo no fim de semana para preparar junto com eles os alimentos da merenda semanal, como iogurtes e biscoitos caseiros saudáveis.



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De acordo com o manual de orientação ‘'Lanche Saudável’’, fornecido pela Sociedade Brasileira de Pediatria, uma lancheira eficiente deve possuir alimentos baseados na pirâmide alimentar que contenham: uma fonte de carboidrato, de cálcio, de proteína, de minerais e de vitaminas. Deve-se focar no consumo restrito de gorduras saturadas, bem como o controle da ingestão de sal. Priorizar o consumo de carboidratos complexos em detrimento dos simples e estimular o consumo de peixes duas vezes na semana são ótimas medidas.


Uma lancheira saudável deve ser também atrativa para as crianças. Portanto deve-se atentar para as cores e montagem. Os alimentos devem ser colocados em podes, vasilhas ou outras embalagens apropriadas para garantir a organização e manutenção de sua qualidade. As frutas devem estar frescas, ser de fácil consumo e estar previamente cortadas, descascadas e higienizadas. A lancheira deve ser lavada diariamente para evitar acúmulo de restos de comida e mau cheiro. O uso de lancheiras térmicas é apropriado quando o alimento necessitar de conservação em temperatura específica ou o tempo de armazenamento até a hora de seu consumo o exigir.


Referências:

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009. Antropometria e Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE Diretoria de Pesquisas Coordenação de Trabalho e Rendimento. IBGE, 2010. Disponível em: https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_encaa/default.shtm

MURGUERO, Juliana Costa. Avaliação do lanche de crianças de 7 a 10 anos de duas escolas em Araranguá, sc.2009. Trabalho de conclusão do curso de Nutrição-Universidade do Extremo Sul Catarinense. Santa Catarina, 2009. Pág 11-13


BARBOSA,   Vera   Lúcia   Perino.   
Prevenção   da   obesidade   na   infância   e   na adolescência: exercício, nutrição e psicologia. Barueri (SP): Manole, 2004.


VIRGINIA RESENDE SILVA WEFFORT.. [et al.]. Manual do lanche saudável – São Paulo: Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia, 201. 16-19

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