Outubro Rosa: alimentação adequada reduz o risco de câncer de mama
Karina Alves, Sophia Novaes e Karla Silva Ferreira
Estamos no mês de outubro, mês no qual ocorre em todo o mundo o movimento “Outubro Rosa”. Essa campanha estimula a participação da população no controle do câncer de mama.
O objetivo é fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde para o rastreamento e diagnóstico precoce desta neoplasia que é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres.
O câncer de mama não possui uma única causa, vários fatores de risco podem estar relacionados com o surgimento da doença, tais como:
idade, fatores endócrinos, história reprodutiva, fatores genéticos e ambientais/ comportamentais.
A alimentação e o estilo de vida podem ser dois aliados ou adversários na incidência da doença, visto que há na alimentação e estilo de vida fatores que influenciam o desenvolvimento de câncer e outros que previnem.
Muitos nutrientes - ácidos graxos, carboidratos vitaminas B, E, carotenoides, fitoestrogênios, fibras e outros - têm sido descritos como tendo um potencial impacto no desenvolvimento de tumores em experimentos com animais e estudos populacionais, mas há pouco apoio revelado por estudos epidemiológicos. Pode-se destacar alguns fatores importantes relacionados à alimentação e seus excessos que influenciam no aparecimento ou prevenção do câncer de mama:
1 – Álcool:
O número de estudos que mostram a influência do álcool com o aumento do índice de câncer de mama é alto. Uma análise mostrou que o consumo de 10 g de etanol por dia está associado a um aumento do risco para quase todos os tipos de tumores.
2 – Ácidos Graxos:
Estudos sugerem que para o processo anti carcinogênico mais vale o tipo de gordura do que a quantidade total ingerida da mesma. Experimentos têm indicado que os ácidos graxos da família ômega 3, principalmente o ácido graxo alfa-linolênico, inibem a formação do câncer de mama, assim como as metástases. Uma pequena parte do ácido graxo alfa-linolênico ingerido é convertido nos ácidos graxos eicosapentaenóico (EPA) e docosa-hexaenóico (DHA), os quais inibem a metástase do tumor. O ácido graxo alfa-linolênico é encontrado nas sementes de linhaça, soja, canola, chia, nozes e algumas outras sementes. Já o EPA e DHA são encontrados prontos nos pescados em geral. É importante que as sementes sejam consumidas trituradas para que o organismo possa absorver seus ácidos graxos bem como outros nutrientes.
Por outro lado, os ácidos graxos trans, muito utilizado pelas indústrias alimentícias e produzido a partir da hidrogenação parcial de óleos vegetais, têm sido associados ao aumento do risco de câncer de mama. O uso dessa gordura é vantajoso para a indústria pois pode aumentar o prazo de validade dos alimentos e acarretar nos mesmos textura mais cremosa à temperatura ambiente. Esta gordura é encontrada em alimentos que são preparados usando gordura vegetal hidrogenada, tais como empadas, biscoitos, rosquinhas, sorvetes, chocolates, chips, margarinas, algumas marcas de requeijão cremoso, entres outros produtos. Para prevenir sua ingestão, observe o rótulo do alimento e sua lista de ingredientes. Nos Estados Unidos foi proibida a comercialização de alimentos contendo gordura trans. No Brasil, isso ainda é permitido, mas é obrigatória que haja a declaração da quantidade de gordura trans na porção do alimento. Esta informação é colocada no rótulo nutricional. Vale lembrar que praticamente toda a gordura trans presente nos alimentos provém da utilização de GORDURA VEGETAL HIDROGENADA, seja no preparo do alimento, casos das empadas e cremes, ou na fritura. Outro aspecto importante é a regra de arredondamento. Caso a quantidade de gordura trans seja menor ou igual a 0,2 gramas na porção do alimento, este valor é arredondado para zero. Com isso, quem consome mais de uma porção de alimentos que estejam se beneficiando desta regra de arredondamento pode estar consumindo quantidade elevada de gordura trans sem saber.
3 – Vitaminas e Minerais:
Muitas das vitaminas e minerais possuem ações na defesa contra as espécies reativas de oxigênio, que são fortes agentes oxidantes causadores de danos ao DNA (ácido desoxirribonucleico) durante a diferenciação celular. Dentre estes nutrientes, destaca-se a vitamina E, um potente antioxidante reconhecido por reduzir a incidência de tumores na mama. A castanha-do-Pará, o óleo de gérmen de trigo, sementes de girassol e avelã são exemplos de alimentos ricos nesse nutriente.
Atualmente, existem várias pesquisas relacionando o surgimento de câncer de mama e a deficiência de vitamina D, porém mais estudos são necessários para determinar a quantidade necessária para alcançar um efeito protetor contra o câncer de mama. De qualquer forma, vale lembrar que a vitamina D possui inúmeros benefícios para a saúde, inclusive atuando no sistema imunológico e, consequentemente, na defesa do organismo. Veja aqui matéria sobre vitamina D.
4 – Obesidade:
A obesidade pode ser uma consequência de padrões dietéticos inadequados, estilo de vida sedentário e distúrbios hormonais. As alterações metabólicas, como a desregulação lipídica e resistência à insulina, em combinação com obesidade ou sobrepeso, aumentam o risco de desenvolvimento de tumores mamários. É importante ressaltar que há associação entre o grau de obesidade e tipo do câncer de mama. Por exemplo: circunferências de cintura e quadril elevadas e a relação entre elas foram associadas significativamente ao surgimento de tumores do tipo receptor de hormônio negativo (ER-), um dos piores tipos de câncer de mama na pós-menopausa. Esta comprovação veio de estudo que observou maior incidência deste tipo de tumor e também do tipo receptor de hormônio positivo (PR+) nas mulheres após a menopausa que estavam com obesidade grau II (Índice de Massa Corporal, IMC >35 kg/m²) quando comparadas com as mulheres com peso adequado (IMC < 25 kg/m²).
A dieta mediterrânea mostra-se promissora para a prevenção do câncer de mama ER-. Essa dieta é baseada em azeite, peixes, frutas, nozes, legumes e cereais integrais e baixo consumo de açúcar, carne vermelha e farinha branca e já estão bem estabelecidos seus benefícios na prevenção de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (AVC). Isso pode ser explicado pela presença de substâncias bioativas e nutrientes antioxidantes, como os ácidos graxos poli-insaturados n-3 (ômega 3), flavonoides, algumas vitaminas e minerais, além das fibras presentes nos alimentos que compõem esta dieta.
O quadro abaixo ilustra as fontes alimentares e práticas que atuam na prevenção ou surgimento do câncer de mama:
Referências
CHAJÈS, V.; ROMIEU, I. Nutrition and breast canccer. Maturitas (2014) 7-11.
INSTITUTO NACIONAL DE CANCER JOSÉ DE ALENCAR GOMES DA SILVA. Câncer de mama: Vamos falar sobre isso? (2016) Disponível em: < http://www.inca.gov.br/outubro-rosa/>. Acesso em 01/10/2018.
INSTITUTO NACIONAL DE CANCER JOSÉ DE ALENCAR GOMES DA SILVA. Tipos de Câncer: Fatores de risco. Disponível em <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama/fatores_de_risco_1>. Acesso em 01/10/2018.
KOLLING, F.L.; SANTOS, J. A influência dos fatores de risco nutricionais no desenvolvimento do câncer de mama em pacientes ambulatoriais do interior do Rio Grande do Sul, Brasil. Scientia medica (2009) 115-121.
VAN DEN BRANDT, P.; SCHULPEN, M. Mediterranean diet adherence and risk of postmenopausal breast cancer: results of a cohort study and meta‐analysis. International Journal of Cancer. (2017) 2220-2231.
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